quarta-feira, 3 de março de 2010

Mudanca de nome - JOCUM Brasil no Haiti


Atenção, amanhã, dia 4 de março, o Blog vai mudar de nome. 

Port Au Prince 3 de Marco de 2010 - Ricardo

Hoje fomos para a Base Militar do Brasil no Haiti.
Amanha vamosretornar a comunidade do Hotel em que estivemos na 2a feira para fazer mais atendimentos clinicos. Estávamos um pouco frustrados porque não tinhamos conseguido nenhum remédio a mais para levar conosco. Os que levamos na 2a feira eram os que trouxemos do brasil e estavam acabando.

Chegando no portão dos acampamentos militares, encontramos soldados nepaleses. Assim que os vi, saudei-os com "Namastê!!!"Eles sorriram prá nós e entramos até a entrada da base do Brasil.
No portão da base do Brasil, Wesley (que já serviu o exército) conversou com o sargento da portaria e explicou a situação e a necessidade de remédios que precisávamos para atender a comunidade.
Este sargento foi muito solícito e nos mandou conversar com o Tenente Coronel Roberto, médico encarregado do atendimento médico. Ao chegarmos na sala dele, explicamos a situacao da comunidade (o Danilo escreveu sobre isso no post anterior) e ele disse que poderíamos conseguir os remédios, mas primeiro iríamos almoçar.
Depois do almoço, o Major Magno nos acompanhou até o depósito de remédios. O major Magno é da Escola PReparatória de Cadetes do Exército, em Campinas. Ele nos levou até o depósito e nos deu caixas e caixas de remédios do Brasil.
Alguns remédios, não estavam na nossa lista, mas ele sugeriu mesmo assim. Dos que ele tinha disponível, foi extremamente generoso para podermos ajudar a comunidade.
Ele inclusive nos disse "da próxima vez, venham com um caminhão maior, prá poder levar mais coisa". Ele anotou o nome da JOCUM de Port Au Prince e disse que se precisasse de mais, o nome ficaria no sistema e era só vir para buscar mais que eles nos ajudaríam.

Ficamos todos estarrecidos com a generosidade dos militares brasileiros. Inclusive a Kim, uma canadense que está aqui para coordenar as operacores da JOCUM.
Chegamos de volta ao orfanato com a van lotada de remédios e passamos a tarde toda separando os medicamentos para levarmos amanhã.

Uma parte da equipe foi fazer atividades com crianças num outro orfanato e voltaram bem contentes de terem podido estar lá. Este outro orfanato também está muito necessitado. Levamos um pouco de alimento para eles, mas a base de Port Au Prince quer continuar o trabalho e ajudar o quanto for necessário.

Agradecemos a Deus pela provisão. Hoje a noite, nossa casa está cheia de remédios, doados pelos brasileiros para o povo haitiano. Amanhã vamos levantar cedo para montar novamente a clínica na comunidade.
por favor orem por nós, alguns de nós estamos querendo ficar gripados (eu inclusive). Danilo, Emerson, Betinha e eu (ricardo) estamos começando a sentir cansaço.
Orem pela nossa viagem de amanhã e pelo atendimento médico que vai acontecer.

Um grande abraço a todos.
Obrigado Deus pela provisão.
Obrigado Tenente Coronel Roberto
Obrigado Major Magno
Obrigado Brasil, pela mão estendida.

ricardo

Port Au Prince 2 de Março de 2010, por Ricardo

Era uma casa, muito engraçada,
Não tinha teto, não tinha nada
Ninguém podia entrar nela não,
Porque na casa não tinha chão.
Ninguém podia dormir na rede,
Porque na casa não tinha parede.
Ninguém podia fazer pipi
Porque pinico não tinha ali.
Mas era feita com muito esmero
Na rua dos bobos numero zero.

Eu nunca tinha entendido essa música nos meus anos de escola.
Mas descobri que esta casa existe, fica aqui no Haiti. Na verdade, existem milhares de casas deste tipo por aqui.

Estivemos andando por uma comunidade aqui perto do orfanato e encontramos um acampamento cheio de tendas feitas de pau fincado no chão. As paredes são apenas tecidos amarrados nos paus e a mobília interna se resume a uns pedaços de papelão no chão.

Andando pela cidade, encontramos alguns pontos de venda desses paus para montar “paredes”.

Encontrei vários homens na comunidade que mostraram suas casas, eles estão morando com suas famílias e 4, 6, 8 filhos nessas tendas. Outro dia quando começou a chover, fiquei pensando nessa gente, dentro dessas “casas”. O pior aconteceu quando voltamos para o orfanato, algumas crianças pegavam em nossas mãos enquanto andávamos de volta para o orfanato. Quando chegamos na rua do orfanato, tivemos que dizer tchau, porque eles não podem chegar perto de onde estamos. O orfanato é protegido por guardas que usam metralhadoras calibre 12.

É muito triste ver a situação dessa gente toda, e não conseguir fazer nada por elas.

Conversei com algumas pessoas, para ver se conseguimos levar lonas para essas famílias, mas é difícil arruma, e entregar de forma ordenada.

Nesta mesma comunidade, quando uma das meninas da nossa equipe fazia uma brincadeira com elas, ela perguntou para as crianças qual era o sonho da vida delas. Uma menina respondeu: quero ser médica, outro menino respondeu: quero ser engenheiro. O terceiro menino respondeu: “meu sonho é ser branco!”

Na hora eu até achei engraçado... mas pensando refletindo na resposta dele, na verdade é muito triste. Este menino quer ser qualquer coisa menos um haitiano negro.

Os brancos tem ajuda, tem carros novos, aviões, água, comida, remédios, médicos, tudo que eles não tem. A conclusão dele é muito simples: ser banco é a melhor coisa que pode acontecer para ele. O sonho da vida dele é ser qualquer pessoa menos ele mesmo.

Ao ajudarmos, precisamos ter isso em mente. Neste momento, o país passa por um momento de tremenda comoção mundial. Tudo foi destruído. O governo foi destruído.

O Líder da JOCUM em Port Au Prince nos contava que aqui no Haiti a educação custa muito caro. Por isso, as famílias do interior vendem uma vaca, uma cabra, tudo o que possuem para que o filho mais velho possa estudar na universidade e melhorar a condição de vida de toda a família. Este filho vai estudar e será responsável por toda a sua família.

Quando aconteceu o terremoto e as universidades foram destruídas, matando a maioria dos estudantes, essas famílias do interior não perderam somente os seus filhos amados. Elas perderam seu futuro, sua oportunidade de melhorar sua condição de vida.

É neste contexto, que o povo haitiano está vivendo.

Apesar disso, o povo haitiano é EXTREMAMENTE alegre. Dá prá ver nos momentos de louvor. Eles cantam, pulam e dançam com muita liberdade. Acho que isso faz com que a vida para eles fique mais fácil de se levar diante dessa situação.

Hoje, tive a oportunidade de assistir o jogo do Brasil contra a Irlanda numa barraca dos policiais haitianos.

Por toda a cidade, vimos aglomerações em frente a televisões. E nesta barraca, acompanhei o segundo gol do Robinho diante da seleção da Irlanda. A vibração e a torcida deles, é tão intensa quanto a nossa.

Descobri então porque eles se identificam tanto com a gente. A paixão pela seleção brasileira de futebol.

A maior vantagem é que eles não são como os brasileiros, que se consideram mais entendidos do que o técnico.

Estou muito agradecido pela oportunidade de conhecer este país tão devastado, mas ao mesmo tempo tão cheio de esperança.

Ontem estivemos numa cidade a uns 100 km da capital. Montamos uma clínica móvel para a comunidade perto de um hotel, cuja dona nos solicitou que fossemos levando remédios e atividades esportivas.

Nunca veio nenhum médico naquela comunidade e ontem pudemos ajudá-los a receber uma pequena ajuda a eles.

Um de nossos membros da equipe, o Danilo, conheceu um menino haitiano que aprendeu a falar português com um soldado brasileiro carioca. Este soldado pagou a escola para ele. Ele fala com um pouco de sotaque carioca, mas se expressa muito bem. Danilo perguntou a ele qual era o sonho dele.

O menino então respondeu que o sonho da vida dele é ser o Presidente do Haiti. Ele tem 14 anos.

Este menino disse que quando for presidente, vai dar escolas de graça para todo mundo. Hoje é muito caro estudar no Haiti. Ele consegue ganhar a vida sendo tradutor para os estrangeiros que vem para cá.

Que diferença, o outro menino quer ser branco. Este aqui quer ser o presidente da Nação.

O Haiti tem esperança.

Precisamos investir em meninos como este, que vão trazer transformação a longo prazo, que vão dar a vida para que este país seja um lugar de justiça e liberdade.

Os diamantes do Haiti estão aqui. Deus já deu a eles a solução para os problemas. Nossa missão é encontrá-los e ajudar a lapidá-los.

Um abraço

Ricardo

terça-feira, 2 de março de 2010

Mudanca de nome - JOCUM Brasil no Haiti

Atencao,
O nosso blog vai mudar de nome.
A partir do dia 4 de março o nosso blog passará a se chamar

jocumbrasilnohaiti.blogspot.com

Abracos

Relatório 3 da Segunda Equipe no Haiti - por Danilo Angelo

Tivemos um culto abençoado no começo de noite deste domingo no Delma 6 que é um acampamento de 200 pessoas que perderam suas casas no terremoto. Este terreno fica do lado de uma casa onde morreram 9 pessoas, a única sobrevivente foi a viúva do dono do terreno e permitiu que o terreno fosse utilizado para fazer de acampamento para estas pessoas. Estivemos lá no início da semana passada abrindo latrinas, colocando tendas, atendimento na área da saúde, esportes com adolescentes e jovens e trabalhos com crianças. Foi lá que Deus preparou para nós. Fizemos um tempo de louvor e agradecimento a Deus, cantavam com toda alegria e dançavam com entusiasmo! Chegamos a presenciar desde crianças até idosos, todos dançando alegremente.
O Wellington trouxe uma palavra onde todos se identificaram, todos atentos e correspondendo com devoção de coração.  Ao findar da reunião, pediram para que todos os missionários brasileiros recebessem uma oração feita por eles. Nos reunimos no centro da roda e começamos a ouvir uma canção em criolo bem conhecida  de todos nós:   Então minh´alma canta a ti Senhor, Grandioso és Tu, grandioso és Tu.   Foi algo comovente, não conseguíamos nos conter de tanta emoção, logo mais fizeram uma oração, a oração do Pai nosso. Assim tivemos uma noite inspiradora na presença de Deus e na presença de uns dos outros.

Nesta segunda feira acordamos cedo, tomamos nosso café, alguns quase dormindo e outros quase acordados, enfim, fomos para uma cidade que fica no caminho de Porto Príncipe para Sant Marc. Há poucos dias conhecemos uma senhora que trabalhou mais de 20 anos nos Estados Unidos e voltou para sua terra natal; o Haiti.  Ela juntou todas as suas finanças e comprou um Hotel a beira mar, um lugar muito lindo. Pouco tempo depois que ela comprou o hotel, veio o terremoto! Graças a Deus não atingiu o Hotel, mas afetou a sua fonte de renda, pois o lugar é um polo turístico.
Ao redor da propriedade do hotel, existe uma comunidade muito carente que não tem nem o pão de cada dia muitas vezes. Esta senhora viu o sofrimento do seu povo e então começou a pagar o transporte para as pessoas irem até a cidade mais próxima receber consulta médica e buscar alimentos.
Também está abrigando missionários e pessoas que estão aqui para ajudar e que por conta desta catástrofe precisam de um lugar para descansar.
Durante toda a manhã desta Segunda-Feira, estivemos atendendo a comunidade, dividimos a equipe em algumas áreas específicas segundo a necessidade: um grupo foi jogar futebol com os meninos, outro grupo foi fazer atividades com as crianças e o terceiro grupo montou uma pequena clínica para atender as pessoas.
Nunca receberam nenhuma visita de médicos na comunidade. A Senhora convidou pessoas de toda a região, haviam cerca de 300 pessoas. Ricardo e Renato, ao mesmo tempo que ajudavam na tradução, serviam também na distribuição de medicamentos, Guilherme ajudava também com os medicamentos e organização, Wesley, Cláudia e uma outra moça do Canadá ajudavam com os atendimentos e curativos. Cinthya, Helen e  um missionário haitiano fizeram o trabalho com as crianças, que eram muitas. Eu (Danilo),  Wellington, PR. Emerson e Juliano, fomos para o campo de futebol com os jovens e adolescentes. Era muita gente assistindo, foi maravilhoso, os haitianos amam os brasileiros. PR. Emerson nos conduziu em oração para iniciarmos e passamos um bom tempo jogando. No final, Wellington trouxe uma palavra movida pelo espírito falando sobre a identidade  que o povo precisa ter, de que eles tem o favor e a graça de Deus suficiente para que possam caminhar, o povo haitiano precisa ter esperança. O povo vibrava a cada palavra de encorajamento  foi impressionante aquele momento, no final do discurso alguns haitianos agradeceram dizendo que era esta palavra que eles precisavam. Dava para ver no olhar de cada um a satisfação e alegria de ver brasileiros, povo que eles tanto amam, falando tão bem da nação deles. Ao mesmo tempo, os doentes eram atendidos, recebiam doações de alimento,e as crianças estavam recebendo atenção, e que atenção! E outras pessoas recebiam oração e houve conversão de muitos. Logo após o almoço abençoado que tivemos, voltamos para a capital.
No final da tarde fomos para o posto de polícia, em frente do palácio do governo onde está o posto de atendimento, lá participamos do culto. Começamos cantar com todos os presentes. Foi um tempo de cantar de dançar muito especial! Uma mulher que estava assistindo ao culto e que estava grávida, entrou em trabalho de parto. Ela foi levada para o lugar de atendimento, as meninas da equipe foram para perto e o médico estava conduzindo tudo tranquilamente, a mulher estava acompanhada do seu marido e alguns familiares, ao mesmo tempo o louvor era escutado por todos, logo mais todos dentro daquele espaço oravam e cantavam intensamente. O Wellington foi compartilhar a mensagem com as pessoas que estavam lá fora, compartilhou a mesma mensagem que tinha falado na parte da manhã. O cenário era impressionante, a cada vez que eram afirmados os valores dos haitianos, eles vibravam. As pessoas estavam todas atentas e se dispuseram a viver este novo desafio.
Ao final de cada atividade, o comentário é o mesmo:   Que legal, como foi demais o trabalho hoje!  Graças a Deus, todos os dias temos tido o prazer e a alegria de trabalharmos juntos, pois cada um na equipe desenvolve de forma espontânea e com inteireza de coração tudo aquilo que tem mãos. Estamos participando de um momento realmente Histórico, a JOCUM daqui está com pouco mais de um mês de vida e estamos juntos nesta empreitada, o líder da base, Peterson e sua esposa são pessoas realmente chamadas e convictas daquilo que Deus tem para a capital e outras partes do Haiti. Deus tem abençoado a base aqui com um lugar ao lado do aeroporto cedido pela polícia, mas a idéia já é ter um lugar próprio. Com tudo isto acontecendo, algumas pessoas da nossa equipe vão permanecer mais um tempo por aqui para dar acessoria a próxima equipe que chegara e realizarmos algumas coisas concretas antes de retornar para o Brasil.
É no amor do pai que ficamos por aqui.
Continuem orando e perguntando para Deus como você pode fazer parte deste momento histórico.